sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Quem não pediu que 'pida'.


Conforme o tempo passa, percebemos o quanto ainda temos para aprender. Pensamos que aprenderemos as coisas novas com pessoas inteligentes e de nome conhecido, pessoas que são formadas em doutorado, mestrado, ou, até mesmo, apenas uma pós-graduação.
É ai que erramos. É quando menos esperamos que as coisas aparecem em nossas vidas, nos ensinando lições, abrindo nossos olhos para vermos que da vida não sabemos nada, por mais velhos que sejamos. Ela nos abre os olhos para o que o mundo tem de mais incrível: a realidade.
Vemos na TV, em revistas, jornais, anúncios, outdoors, ouvimos no rádio, dentre tantos outros meios de comunicação como o mundo sofre com desigualdade, pobreza, fome, desnutrição, desmatamento e tantos outros problemas sociais de que somos conscientes, ou pelo menos achamos que somos até o momento em que presenciamos, vivemos, sentimos na pele.
Hoje eu posso dizer que sou consciente de toda a desigualdade do mundo, e percebi isso num lugar onde vivo, mas que nunca tinha parado para observar. Achava que ao meu redor não tinha disso. Sempre achamos. Estava errada. Não via porque não queria ver, ou porque nunca tinha procurado sobre. Hoje eu vi. A imagem se fez nítida e presente em minha retina que nunca tinha visto com tanta clareza, ou ao vivo. Vi que um simples sorvete pode brotar uma lágrima nos olhos de idosos que não têm tantas condições de tomá-lo sempre. Vi o brilho nos olhos de crianças ao receberem um simples pacotinho de pipoca doce. Vi crianças que, mesmo não tendo esse tipo de oportunidade sempre, diziam a verdade quando perguntávamos se ela já tinha pego um pacotinho. Dentre cinqüenta crianças posso contar nos dedos quantas delas estavam com um chinelo ou qualquer outro sapato no pé.
A principio, ainda nas ruas asfaltadas, as coisas não parecem tão “lamentáveis”, e o coração ainda se faz duro dentro do peito. Porém, chegando nas ruas já não asfaltadas, que são de terra e pedra apenas, vemos que é lá onde as crianças menos têm sapato e tem que andar por entre aquelas pedras sem um calçado. Muitas vezes machucando o pé em algum caco de vidro ou até mesmo nas pedras. É minha cidade. Uma cidade média, com cerca de 200 mil habitantes e eu nem sabia que nela existia isso.
É depois de um tempo debaixo do sol quente entregando sorvete e vendo sorrisos nos olhos e lábios das crianças que percebi o quanto era gratificante estar ali, com calor e sede, mas recebendo em troca sorriso e agradecimentos.
"Deus te abençoe menina", e os olhos se enchem de lágrimas com o sorvete de groselha nas mãos. E eu respondo "Amém", com o meu coração mais mole e com um sorriso no rosto, porém com os olhos cheios de solidariedade e remorso por reclamar tanto de coisas tão supérfluas que não são absolutamente nada em comparação com o que aquela gente passa.
A partir dessa sexta-feira, 12 de outubro, todos os anos eu estarei lá, não sei se contribuo assim para um mundo melhor, mas pelo menos em um dia do ano farei alguns felizes e receberei em troca apenas sorrisos inocentes de crianças que tinham como a primeira refeição do dia aquele sorvete, pipoca, bala e pirulito que eu lhes entregava.
Devemos aprender a dar valor ao que temos, mesmo que não tenhamos muito, acredite, tem pessoas que vivem com menos que nós e mesmo assim VIVEM, e estão sempre prontas para abrir-nos um sorriso.
Desejo imensamente que todas as crianças tenham um dia maravilhoso hoje e desejo mais ainda que um dia as pessoas se conscientizem de tudo o que têm, aprendam a lutar por um mundo melhor, onde a desigualdade seja mínima; e reclamem menos.



Música:

Quem me dera, ao menos uma vez,
Provar que quem tem mais do que precisa ter
Quase sempre se convence que não tem o bastante
E fala demais por não ter nada a dizer
Quem me dera, ao menos uma vez,
Que o mais simples fosse visto como o mais importante
Mas nos deram espelhos
E vimos um mundo doente... ♪


Índios – Legião Urbana



- Palavra de hoje:
Sapato: sm Calçado que protege o pé.


;*

5 comentários:

Anônimo disse...

Sinto orgulho de você. Sempre senti.

Donα Morαngo* disse...

H� pouco escrevi no teu orkut que me orgulho de voc� mas s� agora li isso aqui, e s� o que tenho a acrescentar � uma reitera�o disso: me orgulho demais, por saber que fiz parte da tua educa�o, por saber que h� um dedinho meu no teu car�ter... enfim, voc� acabou de me ouvir chorar, qualquer coisa que eu diga vai ser redundante. Fico por aqui.

Amo voc� absurdamente, minha vida.
Beijos, minha crian�a!
;*

Anônimo disse...

Florr da minha vida...
sinto mto sua falta...

amoo viu...
amiga p/sempre^^

bjaoo

Unknown disse...

Biaanca!
nossa..
cara..de onde vem tanta inspiração?

adoreiiiiiiii!

bjosssssssss

Unknown disse...

É incrível como às vezes demoramos para ver que existe muito mais no mundo do que simplesmente nós mesmos não?

E alguns passam a vida toda olhando apenas para o seu umbigo, se preocupando com o que vai vestir, o que vai comer, do porque que não vestiu rosa, e do porque que decidiu comprar um motorola e não um nokia...

Fico feliz que o mundo ainda pode ver algum fio de humanidade em pessoas que, como tu, se tocam que existe muita miséria e muita desiguldade por aqui, por aí, e em qualquer lugar...

Lindo texto, e com certeza passarei por aqui para acompanhar suas literaturas... =]


Valeu pelo comentário, isso me deu um gás para atualizar mais vezes meu blog... hehe

Bjosss