sábado, 16 de agosto de 2008

So long and goodnight...

Seu coração batia tão rápido e forte que qualquer pessoa que passasse ao seu lado naquele momento poderia ouvi-lo, andava tão rapidamente que esvoaçaria o cabelo de qualquer um que estivesse no caminho, e mais rápido ainda passou pela porta do hospital. Meia hora atrás estava deitado em seu sofá, mudando incessantemente os canais da TV enquanto tomava um grande copo de suco de maçã. O celular vibrou no bolso e ele atendeu. Seus dedos no controle remoto não se mexiam e o copo de suco foi parar no chão, derramando o mesmo.
Agora, porém, não havia mais calmaria e ele acabara de passar, quase correndo, por aquelas portas. As lágrimas lhe escorriam no rosto e ele não via nada se não a imagem dela em sua mente, a preocupação tomava conta de seu coração. O medo, a tristeza... Queria que não fosse verdade, não podia ser. Justo naquele dia? Enxugou o rosto, mas as lágrimas não queriam cessar, persistiam em deixar seu rosto molhado, seu coração, que só batia por ela, agora tinha medo de que seu motivo se fosse.
O quarto onde a puseram, como todos os outros, era frio e sem vida. Até aquele momento, já havia enxugado suas lágrimas inúmeras vezes. Sentou-se numa cadeira ao lado de sua cama e colocou suas mãos machucadas entre as dele. Seus lábios estavam levemente cortados, e havia um curativo em sua testa com uma mancha vermelha. Não estava, aparentemente, machucada, porém, a forte pancada na cabeça havia a deixado em coma. Profundo. Quem imaginaria aquele acidente? Ele queria tê-la não deixado sair, porém num dia tão comum como todos os outros... Quem imaginaria?
Era sábado e ela havia saído de casa antes que ele acordasse, por isso, a maçã verde de todas as manhãs de sábado, foi esquecida e já era uma da tarde. Mesmo assim, levantou-se e beijou delicadamente sua mão. Olhou-a por alguns instantes e viu o quão linda era. Seus olhos e suas lágrimas imploravam para que ela não se fosse, pra que cumprisse sua promessa e ficasse com ele pra sempre, porém nada se ouvia além do som do aparelho que a mantinha viva. Deu mais um beijo em sua mão e saiu do quarto.
Alguns minutos depois, ele voltou e trazia nas mãos uma maçã verde. Sentou-se novamente ao seu lado e forçou um sorriso, mesmo com o rosto coberto por lágrimas, como se ela pudesse vê-lo. Pegou suas mãos e colocou a maçã entre as duas. ‘Eu amo você’ foi o que ele disse, em seguida os batimentos cardíacos já não eram avisados pelas máquinas, só ouviu-se um ‘apito’ sem fim, que trouxe junto um grito de piedade.




Música:
Holding my last breath
Safe inside myself
Are all my thoughts of you
Sweet raptured light
It ends here tonight

Evanescence - My Last Breath


Eu voltei. ;*

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Nem tão triste assim...

Era novamente sexta-feira, era novamente frio, era novamente uma noite só. Só, porém não triste. Estava sentada no sofá quase que com as costas, de tão pra frente que estava seu quadril. Foi escorregando no sofá até o ponto extremo que suas pernas agüentariam segurá-la daquela maneira. Mantinha um braço sobre a barriga, o outro escorado no braço do sofá e seus dedos batiam aleatoriamente no mesmo. Há dias que a imagem do homem daquela sexta-feira estava na sua cabeça, presente em sua lembrança. Quanto tempo já fazia? Um mês? Dois? Mais? Não sabia ao certo. Depois de sair daquele bar, apagou muita coisa de sua memória e queimou, literalmente, as roupas que havia usado àquela noite. Aquilo já não a atormentaria mais não fossem algumas ligações e recados na secretária eletrônica. Queria deixar tudo aquilo que viu pra trás, de uma vez por todas.
Felizmente, já não fazia tanta diferença; a não ser por aqueles olhos. Azuis, tão profundos; aquelas pupilas dilatadas que pôde vê-las se retrair ao olhá-lo. Os cabelos castanhos bagunçados que invadiam sua testa e aquelas mãos brancas, aparentemente gélidas por causa do copo de conhaque que segurava. Não tirava essa imagem de sua cabeça. Por mais que tentasse, era inútil. Se tivesse ao menos um telefone...
Arrumou sua franja atrás da orelha com a mesma mão delicada da outra noite, só que as unhas, dessa vez, estavam pintadas de roxo; quase violeta, o que fazia a pele de sua mão parecer mais rosada. Escorregou mais um pouco no sofá e suas pernas não puderam agüentar, o que a fez cair no chão e soltar uma gargalhada alta que ecoou pelo vazio frio de sua casa, por entre as caixas da mudança que estavam espalhadas há uma semana, pegando poeira. Sentou-se no chão com os joelhos dobrados, passando os braços em volta das pernas; e encostou-se no sofá. O brilho de alguma coisa entre aquelas caixas alcançou seus olhos, que ficaram apertados na hora, forçando a vista pra poder enxergar o que era aquilo. Azul. O scarpin, o mesmo daquela noite. Um arrepio subiu pela espinha, o sorriso se desfez em seu rosto e o coração foi parar na boca. Quase pôde sentir suas pupilas dilatarem e abraçou mais forte suas pernas. Seus olhos passearam por toda a sala e a casa pareceu maior e ao mesmo tempo menor, como se não estivesse mais sozinha.
Levantou-se rapidamente e foi em direção quarto, passando pelos scarpins e chutando-os delicadamente mais pro meio das caixas. Despiu-se no caminho do banheiro e tomou um longo banho quente. Vestiu uma calça jeans e procurou incessantemente por uma blusa azul no tom do scarpin; quando estava quase se arrependendo amargamente por ter queimado a antiga blusa, achou, no fundo da gaveta, algo que era suficientemente azul. Abriu um largo sorriso e vestiu-a defronte ao espelho. Gostou do que viu. Colocou cachecol, pegou carteira, bolsa, desligou o celular e jogou-o na cama; passou por entre as caixas e vestiu o scarpin.
Não demorou muito e estava abrindo a porta do bar, do mesmo jeito de outrora: quase duas da manhã, cabelos bagunçados pelo vento, saltos batendo no chão, porém com borboletas no estômago que sairiam voando pela boca a qualquer momento.
O bar não estava tão cheio, pelo frio talvez. Arrumou o cabelo e sentou-se no balcão, no mesmo banco da última sexta-feira. A mesa ‘dele’ era ocupada apenas pelas marcas de copo e uma camada de poeira. Ela respirou profundamente, encolheu os ombros e balançou a cabeça, sentindo como se toda a sua esperança caísse no chão, abrindo um buraco enorme que a puxava para dentro. Pediu um conhaque e bebeu quase tudo num gole só e não demorou a pedir outro. A noite tinha ficado incrivelmente mais fria e, embora quisesse ir embora, não conseguia. Sabia que a única coisa que a esperava era solidão. Rapidamente olhou pra seus sapatos azuis e sentiu a presença de alguém se aproximar e sentar-se no banco ao lado. O pedido era um Martíni.
Riu sozinha e novamente balançou a cabeça, terminando o último gole de seu conhaque. Arrumou a franja atrás da orelha e deixou algum dinheiro sobre o balcão. Virou-se no próprio branco, em busca de um lado livre pra sair e cruzou seu olhar com o da pessoa que havia sentado ao seu lado. O sorriso voltou a seus lábios quando viu aqueles imensos olhos azuis de antes, com os fios de cabelo caídos sobre a testa. Ele devia ser o cara dos olhos mais lindos do mundo que já segurou um Martíni nas mãos...




Palavra de hoje:
Martíni: Substantivo masculino. 1.Coquetel feito com vermute seco e gim, servido gelado e com uma azeitona verde.

Caso não haja entendimento: A mais triste

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Plágio (de novo)

Cansei, de novo. De acordar todos os dias na mesma hora pra fazer algo que é voluntário, porém que é minha obrigação. Cansei de ainda não ter aprendido o francês que tanto queria e meu inglês estar ficando cada vez melhor; deixe-me esclarecer, não cansei do meu inglês ficar melhor, mas do fato de não ter aprendido francês porque ele está ficando melhor, entendeu? Cansei de dizer coisas que sempre levantam questões, pois, na maioria das vezes, tem sentido ambíguo. Cansei de cometer os mesmos erros de outrora e alguns novos, dos quais me arrependo e não posso voltar atrás, de não ter mais tempo e a corda já estar quase me enforcando, um pouco mais apertada a cada dia que passa. Cansei da minha falta de criatividade pra escrever num blog que antes eu escrevia quase que diariamente. Cansei de não ter inúmeros leitores elevando o meu ego e me fazendo querer escrever mais. Cansei de querer escrever mais e mais ainda da idéia nunca sair realmente da minha cabeça, ficar apenas nela, martelando, martelando, até ser esquecida. Cansei de não rever os velhos amigos e não tê-los pra rever. Cansei de ser tão anti-social e mal humorada, de gostar de matemática e não conseguir mais ler um livro até o final. Odiei o fato da Unicamp ser junto da UFPR (isso foi um desabafo). Cansei de ter medo de arrancar meu outro dente do siso e do fato de ele estar doendo cada dia mais. Cansei das mesmas músicas que sempre tocam e das três mil e poucas que tenho no meu computador. Cansei de as pessoas acharem que tenho de ser um modelo de perfeição, mesmo com todos os erros que cometo não poder ser perdoada, cansei de ser humana e errar, pois “errar é humano”, mas ninguém enxerga isso na hora de me cobrar ou apontar-me o dedo. Ah, cansei de novo das pessoas que são patriotas só em COPA do mundo, quero só ver 2014. Cansei dos mesmos programas da TV, principalmente os de domingo, que apelam pra uma emoção barata causando, na verdade, o ridículo (isso é só a opinião de uma garota de 17 anos, não leve em consideração). Cansei de não ter uma biblioteca particular, com todos os livros que preciso e os que quero ler, embora não esteja lendo nada até o fim ultimamente, bem queria. Cansei de ainda não ter completado a minha coleção de livros do Marcelo Rubens Paiva, faltam só dois (Ua: Brari e Blecaute), alguém se habilita a me dar de presente? Dia 28 de dezembro está ai. Cansei de não ter um verme se quer pra ouvir os meus comentários sobre qualquer coisa durante as aulas de cursinho e de fazer cursinho. De existir listas de espera sendo que nem todos serão chamados. Pra quê? Pra causar uma esperança hipócrita de que você pode entrar na faculdade e depois dar de cara no chão quando todas as sete chamadas foram feitas e seu nome não estava entre elas? Fiquei mais feliz quando não vi meu nome entre os aprovados do que na lista de espera. Cansei de “ser vilipendiado, incompreendido e descartado. Quem diz que me entende, nunca quis saber...”. Cansei de escrever sobre as coisas que cansei.



Música:
She is not a drama queen
She doesn't wanna feel this way
Only 17 and tired, yeah... ♪

Beatiful Disaster - Jon Mclaughlin


Eu volto. ;*