segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Everybory loves a clown

O espetáculo começaria só às sete da noite e ainda faltava uma hora para sair de casa, porém, Clarisse já estava pronta. Colocara seu vestido preferido: o roxo; e aquela noite, sem dúvida alguma, seria inesquecível. O céu já estava escuro e as estrelas pareciam brilhar mais do que o normal. A brisa era fresca e tocava os fios negros da garota, esvoaçando-o.
Seria a última noite do circo na cidade e estava prometido à Clarisse que seria o dia mais feliz de sua infância, mas alguém lhe tirou essa promessa quando, entre risos e sorrisos, brincadeiras e conversas; seu braço foi tocado e lhe foi feita outra promessa por alguém com o rosto coberto de tinta, um nariz vermelho e um sorriso amigável no rosto; mas que carregava nos olhos e na alma os piores sentimentos. Era alguém que levava alegria às pessoas, porém, nessa noite, tiraria a felicidade, os sonhos e a ingenuidade de uma criança.
Ele não foi devidamente procurado e não pagou pelo que fez. Simplesmente fugiu, levando consigo a alegria de Clarisse, a bela garota do vestido roxo que um dia sorriu, brincou, teve sonhos, planos e que hoje não fala, não sente, não demonstra e não sorri. Ela ainda está em seu quarto, com os olhos fixos em um ponto qualquer, perdida em algum pensamento, revivendo sua lembrança mais triste. Perguntando-se “por quê?”, deixando o terror transparecer na luz apagada de seus olhos e, por vezes, derramando lágrimas de seus olhos castanhos, que morrem nos lábios que um dia foram capazes de sorrir.
Naquela noite, Clarisse foi roubada e incompleta voltou para casa.



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