sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Blue or red? Or purple? Or...

Como diria a velha e famosa "Lady Murphy": "nada é tão bom que não pode piorar". Bem, dela, eu tirei a minha "nada é tão ruim que não possa ter seu lado bom". Muitas das coisas que escolhemos pra nossa vida começam a ser feitas ou construidas com planos, e essas que planejamos, começamos sempre com vontade. Ou seja, no começo, tudo é muito bom. Visto de longe, as coisas sempre parecem menores, o que nos levam a achar que os problemas também são menores. Porém não levamos em consideração que estamos vendo de longe. De fora, tudo parece solucionável, fácil, chegamos até nos questionar coisas como "Como ele não consegue fazer isso?". E uma das minhas filosofias de vida é "Não julgue até trocar de lugar". Qualquer um pode resolver um problema quando não faz parte dele e, consequentemente, não o leva para o travesseiro antes de dormir, não passa noites em claro pensando em como resolvê-los, não sente aquele nó na boca do estômago ao pensar no tal problema durante o seu almoço, janta, café da manhã; isso, é claro, quando se atreve a comer, ou quando se tem fome pra mim. Quem vê de fora tem uma visão ampla e tempo suficiente para analisar os prós e contras; não precisa perder noites de sono por isso e nem se preocupar em como vai resolver. É apenas um problema de outra pessoa. Essa é a tênue diferença entre quem passa por um problema e quem o vê de fora.
Tudo parece simples, bonito, lidável (não sei se isso existe, derivado de lidar, é) quando olhamos à distância. O sol é do tamanho de uma bolinha de gude para nós e é agradável ter um dia ensolarado. Mas vá viver em Marte, onde o sol é um tantinho maior do que uma bolinha de gude, e me diga se é tão agradável assim ter um dia de sol. É, uma metáfora barata.
Baseado na minha experiência errante de vida, tenho pra mim que, em determinado momento, todo mundo vai querer voltar a olhar de longe, ser ignorante em relação a algo, não ter conhecimento do que certas coisas realmente significam, pois ninguém gosta, realmente, daquilo que dá real trabalho. É mais cômodo viver na fantasia de que tudo é tão simples quanto imaginamos. Bom, caro leitor, enrolei todo esse tempo para dizer: faculdade, terminantemente, não é aquilo que parece. O fato de ser a melhor época da sua vida, não faz dela algo simples. Muito pelo contrário, eu diria. Durante todo o ensino médio, você se perguntou "Pra quê eu vou usar isso na vida?", eu gostaria de saber, assim como gostaria que aquele fosse o único conteúdo em relação ao qual eu teria de fazer essa pergunta a mim mesma ou a algum colega de sala ao meu lado. Durante a faculdade, achamos a resposta para a primeira pergunta, mas como diria o comercial da Futura "Como você pode ver, o mundo não é movido de respostas", e quando se acha a resposta de uma pergunta, por trás delas vêm outras como "Porque essa escolha?", "Quando foi que decidi isso?", "Porque estou fazendo isso?", "O que eu estou fazendo aqui?", "Porque não estou viajando o mundo?", "Pra quê estudar?" (Ok, essa nos perguntamos a vida toda), ou se pergunta o porque de não estar fazendo outro curso, dentre tantas outras. Hoje, o que eu sei, é que faculdade não é o que parece. Não é tão simples quanto alguns fazem questão de mostrar, e nem tão complexo quanto outros pintam. Não é só festa como a maioria teima e tampouco você vai fazer tudo aquilo que nunca fez antes de entrar pra uma universidade. Algumas coisas mudam, algumas atitudes. As tribos são completamente diferentes daquelas que estamos acostumadas no colegial, algumas pessoas ainda serão muito mais cruéis ao te julgar por aquilo que aparenta, porém, a maioria, realmente não vai se importar. O primeiro dia parece um campo de batalha, e você espera por ataque de todos os lados, pois está lá no meio, vulnerável. Esquecendo-se de que todos já passaram por aquilo, e além de você, outras muitas pessoas também estão vulneráveis, ou seja, não está tão só assim.
Depois que o susto maior passa, chegamos a nos enganar, imaginando que não haverá mais pressão em relação a estudos. Afinal tudo o que estudamos na faculdade é relacionado aquilo que escolhemos. Cuidado! Não se deixe enganar por esse pensamento completamente mal formulado. A pressão vai ser maior do que aquela que sofríamos em relação a vestibular. Os dias passam rápidos, já escolhemos o que queremos pra vida toda, agora é hora de arrumar um emprego e, mesmo acabado de pular de seus 18 para os seus 19, já é tarde pra trocar de opinião. Uma vez a pedra lançada, não tem volta. Ainda mais no quesito "não decepcionar pais e afins".
Todas aquelas perguntas que surgem depois de achar a resposta da "Pra quê vou usar isso na vida?", não se tem resposta. Eu ainda não tenho, e nem ao menos sei se terei até o dia em que eu estiver na minha festa de formatura, mas sempre que algo parecer difícil, ou até mesmo impossível. Todas as vezes que eu pensar que o meu limite, com x tendendo ao infinito, é zero (piadinha interna de matemático), vou me lembrar do quão feliz eu fiquei quando, mesmo assustada, coloquei os pés na sala de aula pela primeira vez, e como fico fascinada a cada explicação esdrúxula que temos em sala de aula. Por mais impossível que pareça, eu não sei porque, ou até mesmo pra quê, só sei que eu quero.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Fighting and missing...

- ME DEIXA! – Gritei e sai da sala, entrando no quarto e batendo a porta com toda a força.
Ele ficou lá, com aquele olhar de quem tinha a razão e murmurou algo, mas eu fingi que não ouvi e me joguei na cama. O problema é que, entre nós, a maioria das vezes é ele quem tem a razão, e eu não suporto o fato de estar sempre errada. Mas isso é o meu orgulho falando mais alto. Bem que quando dizem “Mulheres...” seguido de um suspiro, daquela maneira que querem dizer “animais indomáveis e incompreensíveis”, estão certos. Apesar disso e de ele ter a razão, ele sabia que eu estava na TPM, eles sempre sabem, notava o cheiro de TPM uma semana antes dela chegar, e ainda assim procurava me provocar no pico da minha irritação, depois ria com aquele modo de desdém. Claro, ele sabia que eu chegaria mansa pedindo desculpas depois. E não demorou muito...
Virei-me na cama e olhei para trás, aparentemente estava tudo calmo, e só conseguia ouvir o som da TV. “Hunf, que durma com a TV essa noite...”, pensei comigo imediatamente. Se ele não estava me importando, porque eu estaria? O problema é que eu estava me importando, então liguei o som, para ver se conseguia deixá-lo enfezado. Ele nunca fica enfezado, eu me descabelo, grito, berro, bato o pé, gesticulo, e ele não move nem mesmo um fio de cabelo. Talvez por saber que eu sou louca.
Como ele não cederia, liguei Kings Of Leon, queria deixá-lo morrendo de vontade cantar comigo e não poder, e acertei em cheio. Ouvi o som da TV aumentar consideravelmente e então aumentei mais o som, cantando alucinadamente no quarto. Mas um silêncio se fez na sala, e quando mudou de uma música para outra, tomei a brecha pra pausar o som e ouvi a porta da sala batendo. “MEU DEUS! Ele me abandonou! Descobriu que sou louca de vez!”, pensei imediatamente, sentindo meu coração gelar e como se minhas pernas não pudessem agüentar meu corpo. Sai em disparada do quarto, e a maçaneta fez questão de emperrar bem naquela hora. Bati o dedo do pé na quina do sofá e tentei abrir a porta da sala que, obviamente, ele havia trancado pra dificultar que eu fosse atrás dele. E, bom, vocês sabe, bolsa de mulher é sempre o caos, mas nunca achei algo dentro da minha bolsa tão rápido como naquele dia. Abri a porta e sai correndo para o elevador, e ele já havia descido. Meus olhos se encheram de lágrimas na hora e eu apertei minhas mãos contra meu peito. Respirei fundo, tentando não entrar mais em pânico do que já estava e então ouvi uma risada atrás de mim. “Ele não...”, não tive tempo de concluir meu pensamento e o avistei ao lado da porta do apartamento. O olhei como quem queria fuzilá-lo e ao mesmo tempo com todo o amor do mundo. Dei alguns passos até ele, que permanecia rindo com aquele sorriso encantador, o qual foi a primeira coisa que reparei nele quando nos vimos pela primeira vez.
- Um dia desses você ainda me mata. – Eu disse tentando conter meu sorriso e ao mesmo tempo minhas lágrimas, sem dar tempo para que ele respondesse, joguei o corpo contra o dele e os braços ao redor de seu pescoço, beijando-o de maneira tão apaixonada quanto fazia sempre. Ele, por sua vez, retribuiu. Sabia que se não retribuísse eu o tentaria até o fazê-lo. Depois nos abraçamos e eu disse que o amava.
- E eu amo você, pequena. – Respondeu ele ainda com aquele sorriso de deboche no rosto, o mesmo da hora em que me viu quase morrer do coração em frente ao elevador.
- Desculpe a minha loucura, você sabe...
- Já me acostumei.
- E faz de propósito...
- Sim, isso você um dia se acostuma.
- Se eu me acostumar, perde a graça. – Respondi beijando-o novamente em seguida e fomos para dentro.
E a noite foi mais longa do que imaginamos, detalhes que não precisam ser mencionados, que eu apenas lembro como forma de tentar sentir menos falta dele, afinal meu travesseiro não tem braços para me amparar enquanto ele não está aqui.
Casais tem brigas, afinal, mas quando ficam distantes, dá um aperto, uma dor, e vem aquele arrependimento “Não deveria ter brigado com ele justamente hoje”, mas nunca sabemos quando acontecem imprevistos. E agora só me resta tentar afastar a saudade, terminar o último bombom da caixa e esperar enquanto ele não chega. Talvez seja hoje, ou amanhã, ou enquanto estou dormindo. No meio de um soluço, um piscar de olhos ou uma simples refeição; entre uma música e outra, um sorriso, uma lágrima, ou um grito. A única certeza é de que ele volta. Volta pra matar minha saudade e me deixar mais uma noite sem dormir. E não por insônia...