quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Sem fim

"Eu não sei por onde começar...", pensava ela enquanto permanecia sentada com suas lembranças embaralhadas e confusas. Tanta coisa na cabeça, tanta saudade das coisas que nunca viu e tanto desejo de sentir de novo o que nunca sentiu, aquilo tudo que apenas cogitou, sentia saudades de cogitar novamente sem que lhe trouxesse aquela dor que há duas semanas estava em seu coração, que apenas se acomodou, não passou.
"Que tal começar com 'Era uma vez'? Ah, não... Clichê demais e... bem, não faz meu estilo. Mas não vejo começo melhor para aquele dia se não esse..." Começou!
Estava sol e tudo parecia perfeitamente encaixado, como se nada pudesse sair errado ou diferente daquilo que se havia imaginado. O sol estava no céu, o coração batia forte e, por mais barulho que houvesse, nada podia abafar o som de suas palpitações que pareciam mais fortes a cada minuto. Ninguém diria que não seria como ela imaginou, ninguém discordaria de que daria certo, pois nada lhe podia tirar aquilo. Era tudo tão palpável e, num segundo, tudo desmoronou como uma pirâmide de cartas assolada pelo vento.
Ironicamente o sol resolveu se esconder, dando lugar à chuva. Num momento tão sorridente, no outro as lágrimas se misturavam com as gotas de chuva que batiam em seu rosto. Sim, ela estava andando debaixo da chuva, tentando entender porque a única coisa pela qual implorou, não lhe foi dada. Ninguém tinha o direito, mas lhe tiraram, e nada parecia ter sentido. Seus propósitos iam por água abaixo, quase que literalmente; e suas pernas pareciam não sustentar o seu corpo. Seu estômago num nó, a boca seca sem saliva e as mãos geladas como um cubo de gelo, assim como o coração. Era como se ele tivesse parado de bater ao receber seu pombo correio, e ela não o sente mais bater com tanta virtude como outrora.
"É uma pena que nem todo 'era uma vez' termine com 'felizes para sempre'. Não pra mim."