domingo, 28 de dezembro de 2008

Happy Birthday?


Maybe the next year... But thank you to trying.

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

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Vazio
[Do lat. vacivu.]
Adjetivo.

1.
Que não contém nada, ou só contém ar:
lata vazia.

2.
Entornado, despejado.
3.
Desocupado; despovoado, desabitado:
região vazia.

4.
Frívolo, vão, fútil:
pessoa vazia.

5.
Falto ou destituído de inteligência:
cabeça vazia; pensamentos vazios.

6.
P. ext. Falto, destituído, desprovido:
Vazios [os artigos], e sempre! de significação, de conceito que os relacione com alguma realidade autônoma de sua materialidade, formal e funcional.” (Jesus Belo Galvão, Palavra e Estrutura, p. 33.)
~ V. categoria —a, conjunto —, denúncia —a e maré —a.

Substantivo masculino.

7.
V. vácuo (2).
8.
Filos. Espaço concebido como um receptáculo plenamente desocupado, com ou sem limites. ~ V. vazios.


Alguém me dá um dicionário psicológico?

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

São tudo pequenas coisas...

Estava sentada. Nua. Quase nua. Não fosse pela blusa vermelha, ironicamente vestida para o natal, e pela calcinha verde. As longas pernas se cruzavam sobre a cadeira na varanda. Um cigarro de cereja queimava entre seus dedos e, na outra mão, um copo de vinho. De morango. Seu preferido.
Sozinha. Natal. Cigarro. Bebida. Vento e tempo de chuva. O céu estava vermelho, em plena 23 e 53 da noite. Alguns raios iluminavam o céu e alguns trovões se atreviam a deixar seu som ecoar por todos os poucos cômodos do apartamento, que estava totalmente aberto. Janelas e portas completamente escancarados. Apenas estava fechada a porta de entrada do apartamento. No mais, absolutamente tudo aberto. Inclusive a porta que ficava atrás dela. De vidro. Calor. Vento.
Alguns fogos de artifício ao longe misturavam-se com os raios enquanto ela dava uma longa tragada em seu cigarro. Embora a maioria dele queimasse ainda entre seus dedos, era só pra variar. Na verdade, era uma forma de diversão. Afinal, o que mais fazer nesse natal se não beber e mudar a rotina? Mesmo que a rotina permanecesse. Algumas ligações não atendidas e torpedos não lidos. Apenas estava só, sem preocupar-se com muito mais do que a chuva que logo chegaria. Descruzou as pernas e as cruzou ao inverso. Largou o cigarro no cinzeiro, apagando-o e bebeu mais um gole de seu vinho, terminando o que havia na taça.

Respirou fundo e procurou seu celular sobre a mesa que estava ao seu lado, deixando o copo sobre a mesma. Mudou para 23 e 59 naquele minuto. Ela sorriu para si mesma, sarcástica. Ouviu o barulho da fechadura e passos. Largou o celular e virou o pescoço até onde alcançava. Acompanhou-o com os olhos até ele se sentar na cadeira que estava ao seu lado. Esticou sua mão e entrelaçou seus dedos aos dela. Fogos e risadas ao longe. Vozes. Meia-noite. Ela inclinou-se sobre ele, que a olhava com um sorriso nos lábios. Deu-lhe um longo selinho estalado e, sem descolar os lábios, com a voz baixa e rouca desejou-lhe um Feliz Natal.
Chuva e um latido.
Quem sabe?


E não é que milagres natalinos acontecem? Até mesmo ao Grinch. Um pouco afeminado, convenhamos.

Feliz Natal!

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Finally?

Encostada na parede, com uma das pernas dobradas e um de seus pés apoiados na mesma; ela estava lá. Esperando. Paciente. Olhando. Procurando. Com medo. Sede. As mãos tremiam e os dedos já não estralavam mais. Sete e cinqüenta e dois bateu no relógio e um frio subiu pela espinha. Abriu a bolsa e olhou o presente dentro dela, com seu papel amassando todo, pela segunda vez. Embora fizesse sol e calor, suas mãos estavam frias e seus lábios partidos e vermelhos, cobertos por uma camada fina de brilho labial. As bochechas rosadas pelo sol do dia anterior, assim como seu decote marcado exatamente no corte da outra blusa que vestira.
Suas mãos procuraram pelo celular novamente no bolso de trás da calça enquanto seus olhos passeavam por entre as pessoas que andavam pelas ruas. Todos podiam sê-lo, assim como nenhum podia. A cada passo nos pés de alguém, era ele que ela via. De todos os perfumes que sentia em cada um, sabia que o melhor seria o dele, mesmo que nunca o tivesse sentido. Seus olhos passaram pelo celular que marcava sete e cinqüenta e oito. Frio na barriga dessa vez.
Os olhos saíram das ruas e puseram-se em seus pés. Na verdade, no nada, mas na direção deles. Imaginou-o ali junto dela, chegando ao pé de seu ouvido e sussurrando bem baixo algo que ela provavelmente não entenderia por causa do nervosismo que a tomaria. Seus olhos encheram-se de lágrimas e um sorriso brotou em seu rosto. Finalmente, pensava ela.
Esperou. Observou. Olhou. Paciente. Procurou.
Alguns passavam pela porta no sentido de entrada ou de saída, e todos a olhavam como quem tinha curiosidade. Quase chegava a ouvi-los perguntando e responderia com um sorriso no rosto, se fosse o caso. Mais uma vez seus dedos entrelaçaram-se, porém, dessa vez, eles estralaram; e ela suspirou.
Novamente esperou. Diferentemente do relógio, que parecia apressar cada vez mais os seus ponteiros, e os minutos pareciam milésimos de segundos. Oito e trinta e cinco. Os lábios e a boca ficaram secos. Os olhos desatentos e já não mais procurando. Dentre todos, nenhum podia e ninguém foi. Nem ao menos ao longe seus olhos o alcançaram e recusaram-se a deixar que as lágrimas se fizessem presentes. Caminhou lentamente na esperança de que seguraria o tempo assim. Procurou novamente. Busca perdida. Em nenhum rosto ele se achou. Nenhum dos lábios eram os seus. Os passos eram de outros pés e os perfumes eram de outros frascos.
Viu novamente o presente voltando pra casa com o papel amassado. Viu-se novamente indo embora sem o seu finalmente. E gritou. Porém ninguém pôde ouvi-la!

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Ecos

O cigarro queimava entre seus dedos. Sua mão permanecia imóvel sobre a mesa, apoiada no cinzeiro, onde caíam as cinzas do cigarro que fumava a si mesmo. Suas pernas balançavam lentamente enquanto ele olhava pela janela e via o sol se pondo daquela tarde tão triste de outubro. Uma lágrima insistia em permanecer em seus olhos, mesmo quando a outra mão a limpava, ela voltava e, assim, escorria por sua bochecha rosada morrendo em seus lábios esbranquiçados e secos.
Ele sabia que se acostumaria com a calmaria em algum tempo, mas era o começo e o fato de não haver mais ela o assombrava. A casa parecia maior e o cheio dela ainda estava em todos os cantos, entre as páginas de um livro velho, na maçaneta da porta e, principalmente nos lençóis da cama que ele ainda não havia conseguido tirar. Não queria esquecer seu rosto, não queria almoçar, jantar e tomar café da manhã, sozinho. As mãos dela ainda estavam em seu corpo, nas portas, nos talheres e em qualquer outro mínimo detalhe. Se pudesse deixaria tudo intocado, talvez, assim, seu rosto não fosse esquecido com o tempo e, se as portas permanecem fechadas, talvez o cheiro dela continuasse ali, intacto.
Virou o cigarro entre seus dedos e o apertou no fundo do cinzeiro, apagando-o. Encostou-se na cadeira e mais uma lagrima escorreu pelo seu rosto. Entrelaçou e estralou os dedos, respirando fundo e tentando esquecer que suas tardes ainda seriam dessa maneira por um longo tempo.
Talvez a melhor maneira de superar, não fosse não tocar e sim guardar como uma lembrança boa. Ele levantou-se da cadeira e limpou a última lágrima que escorria pelo seu rosto. Algumas caixas no fundo do quintal foram levadas pra dentro, deixadas sobre a cama. O lençol e as fronhas foram postas dentro de uma das caixas, junto com roupas, brincos, pulseiras e a tornozeleira que ela tanto gostava. Cinco ou seis caixas saíram do quaro cheias, deixando para trás apenas um porta retratos, o da primeira vez que se viram. Estava tão radiante. Ele deu uma última olhadela no quadro e, por alguns instantes, com ele entre as mãos; pensou em levá-lo junto aos outros pertences. Desistiu, porém; pois não queria que o rosto dela se apagasse de sua memória.
Já havia um mês e estava na hora de libertar-se. Deixou as caixas sobre a cama e pegou as chaves do carro que ficavam sempre sobre o criado-mudo. Dirigiu sem rumo por alguns minutos. As ruas estavam estranhamente vazias pra um final de tarde de sexta-feira. Uma esquina, um semáforo. Alguém acena e sorri, um rosto desconhecido e esquecido na memória, mas com aceno retribuído, só não o sorriso. Finalmente o azul do mar se fez presente em sua retina.
Estacionou o carro na orla, tirou os sapatos em seu carro, descendo dele com os pés descalços que de destacavam na negritude da rua. Pegou o maço de cigarro e trancou a porta do carro. A luz do sol começava a deixar o céu alaranjado e o mar não muito diferente. Essa era uma das suas coisas preferidas: ver o pôr do sol, nada o acalmava mais ou o fazia esquecer das coisas como aquela imagem. Tão livre. A água do mar finalmente tocou seus pés cheios de areia, chegando até os joelhos. Seus olhos se fecharam por um instante, o vento batia em sua face trazendo o cheiro do mar. Tirou a foto dela de seu bolso e contemplou-a por segundos que seriam guardados pra eternidade. A foto escorregou de seus dedos e foi levada pelo vento, até cair na imensidão azul. Era esse o seu adeus.
Caminhou até onde as ondas não o alcançariam e sentou-se. Tirou um cigarro do maço e colocou entre seus lábios, procurando o isqueiro que, aparentemente, não estava em seu bolso. Uma mão se estendeu a sua frente segurando um isqueiro cor-de-rosa. Acendeu o cigarro com um longo trago e seus olhos subiram pela mão, braço, ombro, até chegar ao rosto, que trazia um largo sorriso. Ele sorriu e deixou sua vida se iluminar novamente.