
Garotos procuram garotas. Nem sempre, alguns procuram outros garotos, alguns não procuram garotas, e outros, ainda, não procuram nem um e nem outro. Garotas, constantemente procuram garotos. Sim, constantemente. Não vai teimar comigo, não é mesmo? Quer prova melhor disso do que uma adolescente de 16/17 anos? Obrigada.
Garotas procuram garotos sempre. Podem ter acabado de quebrar a cara, porém, estão lá, ‘firmes’ – ou quase firmes – a procura deles.
Pode ser loiro, moreno, alto, baixo, japonês, libanês, australiano, norte-americano, não importa; o importante mesmo é um garoto. Aquele garoto que vai fazer o coração disparar, as pernas tremerem, as mãos suarem. Vai te fazer ficar sem ar quando passar ao seu lado, e te fará ficar na ponta dos pés e fechar os olhos só para poder sentir um milímetro do perfume dele. É como se, assim, conseguisse um pedacinho do garoto. E se ele cumprimenta? Meu Deus! É o melhor dia do mundo. A principio, claro, nada é dito. Ficamos bobas, paradas, feito estátuas. E ele com aquele lindo sorriso, acena e cumprimenta, e a garota o olha com cara de boba, sem nem perceber que o catchup e a mostarda do lanche que estava comendo caíram na sua camiseta branca, que era o uniforme da escola, e manchou todinha. Ela suspira e nem se importa com mais nada. Fica na aula boba viaja, enquanto a professora de matemática revolve exercícios na lousa; quando a professora lhe faz uma pergunta, ela se volta para aquela velha maluca que está à sua frente e pensa: “Do que essa doida está falando?”, ainda com aquele sorriso idiota nos lábios.
A professora balança a cabeça e aponta para sua ‘próxima vítima’, ao passo que sua aluna apaixonada, com a mancha de catchup na blusa, continua numa longa viagem por um ‘filme’, voltando à fita várias vezes até o momento do “Oi”, acompanhado pelo sorriso mais lindo do colégio. Não, não. Do colégio só não, do mundo.
Vai para a casa e lá ela fica o dia todo pensando nele. Escreve em seu diário e, antes de dormir, olha -se no espelho e tenta imaginar o que ela teria dito se não estivesse tão hipnotizada. Chega a vislumbrar o garoto vindo em sua direção em um carro 0 km – sim, 0 km, porque hoje em dia garotas não sonham mais com cavalo branco – parando em frente à escola para dizer tudo aquilo que ela mais deseja ouvir: uma declaração de amor. Ela dorme.
No dia seguinte, ele aparece de mãos dadas com outra, e, por ser o garoto mais popular da escola (porque as garotas nerds sempre se apaixonam ou pelo mais popular ou pelo mais galinha) era o assunto do dia: ele estava namorando.
A notícia lhe cai como um iceberg, não só um balde de água fria. Ela vai para o banheiro e chora, chora, chora. Seus olhos e nariz ficam vermelhos e inchados. Ela fica lá até o final da aula. Era mais um de seus vários amores que não deu certo.
Depois dessa ela amadurece claro, sempre amadurecemos. Porém, é agora que começa a história, ela entra na fase dos amores platônicos. Resolve que não vale a pena sofrer por um garotinho popular. Dali a dois anos ela vai para a faculdade. Vamos inovar.
Não é mais a menininha nerd do outro dia, aquela que estava trancada no banheiro, é agora uma colegial. A professora de matemática foi despedida e entrou, no lugar dela, um professor. É, um professor. Dez anos mais velho que a aluna, exatamente dez anos mais velho. Alto, cabelos escuros, olhos castanho claros. Com apenas um defeito: uma aliança.
Ela já não procura mais garotos, já até esqueceu aquele que ela gostava até ontem. Qual era mesmo o nome dele?
Surge então seu primeiro ‘amor platônico’. Ele dá atenção e ela se apaixona. Escreve poemas sobre e para ele, que, obviamente, nunca entregará. Que abuso, ele é noivo. Dois longos anos se passam. Ele se casa. Ela o ama, platonicamente, mas não deixa de amá-lo. Vê as fotos de seu casamento. Isso não lhe traz mágoas, ela gostou dele quando ele já era noivo, não tem nexo. Porém, escreve. Escreve sobre o que viu nos olhos dele e diz adeus. Adeus a algo que nunca teve e que, definitivamente, nunca terá.
Amores platônicos. Quando não procuramos por garotos, arrumamos amores platônicos. E esses acabam por fazer bem, afinal, é por eles que choramos sem querer que sejam nossos. É por eles que aquela música que tem o ritmo triste, mas que é inglês e você não entende nada, se torna perfeita para momentos de fossa. É por eles que nosso coração dispara e as borboletas do estômago acordam. É por eles que as pernas tremem. É com eles que queremos conversar quando estão por perto, mesmo sem ter assunto algum. E foi ele que me levou a escrever isso.
Música:
Quando se aprende a amar.
O mundo passa a ser seu.
Quando se aprende a amar.
O mundo passa a ser seu.
Sei rimar romã com travesseiro.
Quero minha nação soberana.
Com espaço, nobreza e descanso...♪
Legião Urbana - Se Fiquei Esperando Meu Amor Passar.
Beijos, beijos. =*