sábado, 17 de janeiro de 2009

I dare you!

Ela precisou de apenas um deboche pra virar-se em direção a ele e arquear aquela sobrancelha odiosa que sabia que ele não gostava. O sorriso de deboche sumiu de seu rosto no instante em que ele a viu erguida, aquela única sobrancelha, e soube que pagaria por aquilo, soube que ela faria o impossível pra provar que ele estava errado em relação ao que ele havia dito e isso, na verdade, não o fez recuar, só fez aumentar o sorriso em seu rosto, mas agora numa forma de desafio. Ele soube de tudo isso nos mesmos segundos em que ela soube que ele a infernizaria pra sempre caso ela não aceitasse o desafio e provasse que ele estava errado. Engoliu seco e quase deixou transparecer a sua insegurança quanto ao que faria.
Então ela ameaçou pra disfarçar. Aceitando o desafio ela disse que ele não perdia por esperar. Novamente o sorriso odioso de deboche apareceu em seu rosto, como se ela não fosse capaz de fazê-lo. Não sabia se o odiava por isso ou se a fazia amá-lo mais. Deu de ombros e o deixou com o sarcasmo inflado dele sozinho, enquanto ela caminhava para uma longa noite de sono na cama. Ou não.
As palavras dele em tom de desafio, que foram poucas, cinco ou seis; ficaram em sua mente, martelando o tempo todo, desde a hora em que ele disse, até a hora de escovar os dentes pra cair na cama e dormir. Faziam com que ela tivesse de espremer seu cérebro, o qual ele duvidava que ela tivesse, até ter uma idéia brilhante. Não dividiu o banheiro com ele na hora de escovar os dentes como todas as noites, fez questão de sair antes e deixá-lo com a pulga atrás da orelha ao dizer que já sabia o que faria, quando, na verdade, não tinha idéia. Mas ela sabia que isso lhe causaria certa preocupação, pois se ela conseguisse, ele teria de se desdobrar e espremer o cérebro do qual ele tanto se gabava em ter.
Mais um pouco de enrolação e finalmente dormir. Ou não.
Ela não se virava muito na cama, pois sabia que se o acordasse ele faria alguma pergunta a respeito, sabia que ele saberia que ela estava preocupada em não conseguir fazer o que ele havia destinado que fizesse. Levantou-se, enfim, não agüentando o calor infernal. Olhou-o por um tempo estirado sobre a cama e pensou por um instante. Um sorriso nasceu em seu rosto e correu na ponta dos pés até a sala. Trouxe dela o notebook que estava sobre a mesinha de centro e sentou-se bem devagar na cama, tentando ao máximo não fazer barulho ou movimento suficiente para que ele acordasse. Embora seus esforços tenham quase ido por água abaixo quando o windows iniciou e tocou a musiquinha irritante. Ele se mexeu sobre a cama, enfiando a cabeça no travesseiro e ela riu baixo, pois sabia que a qualquer momento ele se afogaria.
Abriu o Word. Fonte Arial, tamanho 10. Às duas e quatro da manhã teria terminado de escrever se o programa não tivesse dado erro. Queria berrar. Entrou em desespero quando viu que o arquivo não havia sido salvo. Como provaria que havia escrito se não tivesse o texto em mãos? Por alguma razão inexplicável, foi fuçar na lixeira e, por outra razão inexplicável, o arquivo estava nela. Respirou aliviada ao ver que não tinha perdido seu tão precioso trabalho e sorriu novamente, dando mais uma olhadela para o lado. Salvou o arquivo e desligou o notebook, deitando-se com a barriga pra baixo e um sorriso no rosto. Espero que ele tenha uma idéia tão brilhante quanto a dela. Dormiu, finalmente.

2 comentários:

Francisco disse...

Geeente, que casal mais playa. a_a
Escreva a continuação logo, quero saber qual foi a idéia dela. T_T Ótemo post, como de costume.

G! disse...

Ela me mandou vir comentar, disse que ia elevar o ego. Cá estou e já me vou. ;*
Nem preciso realmente comentar né? ♥