quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Fighting and missing...

- ME DEIXA! – Gritei e sai da sala, entrando no quarto e batendo a porta com toda a força.
Ele ficou lá, com aquele olhar de quem tinha a razão e murmurou algo, mas eu fingi que não ouvi e me joguei na cama. O problema é que, entre nós, a maioria das vezes é ele quem tem a razão, e eu não suporto o fato de estar sempre errada. Mas isso é o meu orgulho falando mais alto. Bem que quando dizem “Mulheres...” seguido de um suspiro, daquela maneira que querem dizer “animais indomáveis e incompreensíveis”, estão certos. Apesar disso e de ele ter a razão, ele sabia que eu estava na TPM, eles sempre sabem, notava o cheiro de TPM uma semana antes dela chegar, e ainda assim procurava me provocar no pico da minha irritação, depois ria com aquele modo de desdém. Claro, ele sabia que eu chegaria mansa pedindo desculpas depois. E não demorou muito...
Virei-me na cama e olhei para trás, aparentemente estava tudo calmo, e só conseguia ouvir o som da TV. “Hunf, que durma com a TV essa noite...”, pensei comigo imediatamente. Se ele não estava me importando, porque eu estaria? O problema é que eu estava me importando, então liguei o som, para ver se conseguia deixá-lo enfezado. Ele nunca fica enfezado, eu me descabelo, grito, berro, bato o pé, gesticulo, e ele não move nem mesmo um fio de cabelo. Talvez por saber que eu sou louca.
Como ele não cederia, liguei Kings Of Leon, queria deixá-lo morrendo de vontade cantar comigo e não poder, e acertei em cheio. Ouvi o som da TV aumentar consideravelmente e então aumentei mais o som, cantando alucinadamente no quarto. Mas um silêncio se fez na sala, e quando mudou de uma música para outra, tomei a brecha pra pausar o som e ouvi a porta da sala batendo. “MEU DEUS! Ele me abandonou! Descobriu que sou louca de vez!”, pensei imediatamente, sentindo meu coração gelar e como se minhas pernas não pudessem agüentar meu corpo. Sai em disparada do quarto, e a maçaneta fez questão de emperrar bem naquela hora. Bati o dedo do pé na quina do sofá e tentei abrir a porta da sala que, obviamente, ele havia trancado pra dificultar que eu fosse atrás dele. E, bom, vocês sabe, bolsa de mulher é sempre o caos, mas nunca achei algo dentro da minha bolsa tão rápido como naquele dia. Abri a porta e sai correndo para o elevador, e ele já havia descido. Meus olhos se encheram de lágrimas na hora e eu apertei minhas mãos contra meu peito. Respirei fundo, tentando não entrar mais em pânico do que já estava e então ouvi uma risada atrás de mim. “Ele não...”, não tive tempo de concluir meu pensamento e o avistei ao lado da porta do apartamento. O olhei como quem queria fuzilá-lo e ao mesmo tempo com todo o amor do mundo. Dei alguns passos até ele, que permanecia rindo com aquele sorriso encantador, o qual foi a primeira coisa que reparei nele quando nos vimos pela primeira vez.
- Um dia desses você ainda me mata. – Eu disse tentando conter meu sorriso e ao mesmo tempo minhas lágrimas, sem dar tempo para que ele respondesse, joguei o corpo contra o dele e os braços ao redor de seu pescoço, beijando-o de maneira tão apaixonada quanto fazia sempre. Ele, por sua vez, retribuiu. Sabia que se não retribuísse eu o tentaria até o fazê-lo. Depois nos abraçamos e eu disse que o amava.
- E eu amo você, pequena. – Respondeu ele ainda com aquele sorriso de deboche no rosto, o mesmo da hora em que me viu quase morrer do coração em frente ao elevador.
- Desculpe a minha loucura, você sabe...
- Já me acostumei.
- E faz de propósito...
- Sim, isso você um dia se acostuma.
- Se eu me acostumar, perde a graça. – Respondi beijando-o novamente em seguida e fomos para dentro.
E a noite foi mais longa do que imaginamos, detalhes que não precisam ser mencionados, que eu apenas lembro como forma de tentar sentir menos falta dele, afinal meu travesseiro não tem braços para me amparar enquanto ele não está aqui.
Casais tem brigas, afinal, mas quando ficam distantes, dá um aperto, uma dor, e vem aquele arrependimento “Não deveria ter brigado com ele justamente hoje”, mas nunca sabemos quando acontecem imprevistos. E agora só me resta tentar afastar a saudade, terminar o último bombom da caixa e esperar enquanto ele não chega. Talvez seja hoje, ou amanhã, ou enquanto estou dormindo. No meio de um soluço, um piscar de olhos ou uma simples refeição; entre uma música e outra, um sorriso, uma lágrima, ou um grito. A única certeza é de que ele volta. Volta pra matar minha saudade e me deixar mais uma noite sem dormir. E não por insônia...

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