segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

A mais triste

Já fazia quase uma hora e meia que eu estava sentado naquela cadeira, junto apenas com uma mesa e um tanto de solidão. Fazia frio demais e nem o terceiro copo de conhaque tinha me aquecido ainda. O bar estava praticamente vazio pra uma noite de sexta feira, mas creio que era por conta do frio congelante que fazia na rua; as mesas estavam quase todas vazias, apenas quatro ou cinco delas estava ocupada, por casais, isso não me incluía, pois, como disse, estava sozinho.
Quase terminava o terceiro conhaque quando a porta do bar se abriu, exatamente às duas da manhã; era uma mulher. Ela vestia uma blusa de lã azul que, provavelmente, tinha sido feita à mão, um casaco preto por cima, que era até fino demais pro frio que fazia. Um cachecol também preto e calça jeans. A calça era justa e desenhava suas longas pernas perfeitamente até chegar em seu scarpin azul, quase do mesmo tom de sua blusa.
Apesar da música que tocava, pude ouvir o salto de seus sapatos batendo no chão quando ela foi até o balcão e sentou-se cruzando as pernas. Minha vontade de ir embora havia passado e, se estivesse menos frio, eu o teria esquecido. Seu cabelo era castanho escuro e ondulado, estava um tanto bagunçado devido ao vento que fazia lá fora, mas arrumou-o logo que se sentou. Sua pele era branquinha e parecia macia, suas bochechas estavam rosadas, assim como seus lábios, que aparentavam estar sem batom algum.
Bebi um gole do meu quarto copo de conhaque que já estava chegando ao final e a olhei novamente quando pediu um Martini e baixou o olhar para seus dedos, que, aleatoriamente, batiam no balcão. Percebi uma imensa delicadeza em suas mãos quando arrumou a franja atrás da orelha e pegou o Martini. Quis, por um instante, ser aquela taça quando ela levou até seus lábios rosados e levemente partidos pelo frio.
Senti minhas bochechas corarem e fiquei envergonhado por um momento. Baixei minha cabeça e ri comigo mesmo, tomando então o último gole do meu conhaque. Não pedi outro, não precisava mais, a presença dela havia esquentado um pouco o ambiente.
Olhei-a novamente e meus olhos encontraram os dela. Ela olhava pra mim. Aqueles olhos castanhos e profundos agora não estavam mais olhando pro nada, eles se encontravam e se refletiam nos meus. Meu coração pulsou mais forte, como nunca havia acontecido antes e eu não conseguia desviar meu olhar do dela. Percebi então que não era um olhar feliz ou de interesse, mas sim de solidão. Aqueles olhos transbordavam imensa solidão, era vago e triste como se lhe faltasse algo. Senti toda aquela solidão pousar sobre mim e a noite ficou mais fria que antes.
Eles gritavam pedindo socorro por algo, pra alguém; mas ninguém ouvia, ninguém lhe dava atenção. Seus olhos brilharam e uma lágrima nasceu. Ela desviou os olhos dos meus e baixou a cabeça, sua franja caiu em seus olhos e, rapidamente, antes que as lágrimas chegassem em seus lábios, limpou o rosto com aquelas mãos delicadas e macias, arrumando a franja atrás da orelha novamente.
Não voltou a olhar pra mim, apenas tomou um último gole de seu Martini e pagou-o, deixando uma gorjeta para o garçom; colocou sua bolsa novamente em seu ombro e levantou-se. Passou os olhos pelo bar quase vazio, parou seus olhos em mim e respirou fundo, como se quisesse dizer algo, como se suplicasse ajuda, porém não o fez, baixou a cabeça e saiu, deixando para trás apenas o eco do salto de seus sapatos. Pedi outro conhaque ao garçom. Sua imagem não saía da minha cabeça, seus olhos tristes deixaram em mim uma tristeza, uma paixão, nunca acharia olhos tão sinceros e tristes em outro lugar. Ela deve ser a garota mais triste do mundo que já segurou um Martini nas mãos...



Música:

A menina mais triste do mundo
com um copo de bebida na mão
não conhece ninguem ao seu lado
ela não precisa
disso não...♪

O Sol Faz Bem Pra Mim - Patrões

Bisous. ;*

6 comentários:

Anônimo disse...

Ameiiiiiiiiiiiiii! ;___;

Continue, ok.

Te amo, Binaquinha. Bsj

Anônimo = Jai.

Anônimo disse...

Eu já disse tudo que achei do exto diretamente à ti. E não deixo de dizer que és tão perfeita. *-*

I love you, B. Always. <3

Anônimo disse...

texto* ;;

AHHAUHAUHAUHAUHAUHUAHUAHUAUHAHUAUHAHUAHUAHUAHUAUHAUHAA, Foi mal. Na realidade, péssimo. i.i
Da próxima não esqueço. ;/


TE AMOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO! hug/

Unknown disse...

Ohh Biownca...

vc ta escrevendo muitoo hien..
tinha deixado de passar por aki há um tempãoo...
me arrependi..
pq ta dmaiss esse blog hein!
Quando eu crescer quero ser igual a vc!
hahaha
amooo

bjos

Angélica. disse...

Arghhh esse seu post me despertou um sentimento absurdamente intenso de ter um scarpin azul :D e uma blusa azul, pra combinar haha
Perfeito como sempre.

Beijoooooo, escritora preferida!
;*

Anônimo disse...

Perfeito guria, tu realmente escreve muito bem. Consegue nós passar todo o sentimento do momento e descreve cada instante, me sinto como se estivesse presente. Sinto-me até feliz por não estar de veras, pois nunca gostaria de ver uma mulher tão só ao meu lado.